O Patrono - Hermenegildo Capelo

Fragata Ex-NRP Hermenegildo Capelo F481

Hermenegildo Carlos de Brito Capelo (1841 – 1917)

Nascido em Palmela no dia 4 de Fevereiro de 1841, Hermenegildo Carlos de Brito Capelo é o sexto filho de uma ilustre família da terra:
O seu pai, major Félix António Gomes Capelo, era o Governador do Castelo de Palmela (a mãe é D. Guilhermina Amália de Brito Capelo);
João Carlos (1831-1891), vice-almirante da Marinha, engenheiro hidrográfico e meteorologista e Guilherme Augusto (1839 - 1926), militar da Armada Portuguesa e administrador colonial (em cujo âmbito exerceu os cargos de governador-geral e Comissário Régio de Angola), são dois dos seus irmãos, que se tornaram igualmente figuras notáveis na sociedade portuguesa.

Ingressando na marinha em 1855, Hermenegildo terminou o curso quatro anos depois. Logo no ano seguinte, em 1860, embarcaria como guarda-marinha a bordo da corveta “D. Estefânia” (comandada por D. Luís, mais tarde 32º rei de Portugal) rumo a África, continente onde intermitentemente viria a desenvolver grande parte da sua actividade profissional, nomeadamente nos territórios de Angola, Moçambique, Cabo Verde e Guiné, e cujos estudos e explorações o tornariam famoso.

A partir de 1875 as viagens de Hermenegildo Capelo teriam para Portugal importância acrescida por ter sido entretanto fundada a Sociedade de Geografia de Lisboa, e sob a sua alçada, a “Comissão Nacional Portuguesa de Exploração e Civilização da África” que veio reavivar o interesse político-militar e científico sobre o continente africano, numa espécie de resposta à crescente procura expansionista europeia em África.

A primeira grande oportunidade surgiu em 1877 quando Hermenegildo Capelo foi nomeado para dirigir uma expedição científica à África Central, com a qual se procurava estudar os territórios compreendidos entre Angola e Moçambique e a relação entre as bacias hidrográficas do Zaire e do Zambeze de modo a concluir a Carta da África Centro-Austral. Acompanhado pelo oficial da marinha Roberto Ivens (1850 - 1898) e pelo major do exército Serpa Pinto (1846 - 1900), Hermenegildo partiu em Julho desse ano, contudo, divergências entre Serpa Pinto e Hermenegildo Capelo levaram a expedição a dividir-se, tendo este, acompanhado por Ivens, percorrido as regiões de Benguela até às terras de Iaca , viagem que ficou imortalizada numa obra com o mesmo nome.

Depois de concretizado o importante percurso entre o Bié e o Zambeze e na sequência da criação da Comissão de Cartografia em 1883, para a qual Hermenegildo Capelo e Roberto Ivens foram nomeados vogais (Hermenegildo viria mais tarde a tornar-se presidente da Comissão), os dois foram destacados para nova exploração em África. Neste caso específico, a escolha de dois oficiais de marinha para a concretização desta missão prende-se com o facto de se tratarem de territórios desconhecidos, não cartografados, nos quais era necessário avançar recorrendo aos princípios da navegação marítima. Realizada entre Janeiro de 1884 e Setembro de 1885, esta segunda viagem, conhecida como “De Angola à Contra-costa”, procurava identificar uma possível ligação comercial terrestre entre Angola e Moçambique.

Em prol da ciência e da geografia, para além de explorador, Hermenegildo Capelo foi vice-presidente do Instituto Ultramarino (instituição que teve como primeira presidente a Rainha Dona Amélia), organizador de uma carta geográfica da província de Angola e delegado do governo num congresso de Bruxelas. Acresce à lista de importantes cargos que ocupou, ter sido ajudante de campo dos reis D. Luís e D. Carlos e chefe da casa militar de D. Manuel II (com a sua partida para o exílio em 1910, Hermenegildo Capelo pôs fim à sua carreira militar), e ministro plenipotenciário junto do sultão de Zanzibar.

Hermenegildo Capelo foi promovido a contra-almirante em 1902 e a vice-almirante em 1906. Em 1964 tornou-se patrono do curso da Escola Naval.

Ao longo da vida Hermenegildo Capelo obteve pela sua carreira várias condecorações nacionais e estrangeiras. Em 1971 o município de Palmela prestou-lhe homenagem inaugurando a “Escola Básica Hermenegildo Capelo”. Poucos anos antes, a marinha portuguesa baptizava duas fragatas da classe João Belo com o nome do explorador e do seu fiel companheiro – “Comandante Hermenegildo Capelo” e “Comandante Roberto Ivens”.

Hermenegildo Capelo morreu em Lisboa no dia 4 de Maio de 1917.

Para mais informações, visite referência na Wikipédia.

Imagem: Desenho da colecção fotográfica do Arquivo geral da Marinha.

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